Um pouco de Cabral para os editores do Blog da Darandina. Blog talvez seja isso mesmo, "vida a retalho, a cada dia adquirida"
Minha pobreza tal é
que não trago presente grande:
trago para a mãe caranguejos
pescados por esses mangues
mamando leite de lama
conservará nosso sangue.
(...)
--Minha pobreza tal é
que não tenho presente melhor:
trago este papel de jornal
para lhe servir de cobertor
cobrindo-se assim de letras
vai um dia ser doutor.
--Minha pobreza tal é
que não tenho presente caro:
como não posso trazer
um olho d'água de Lagoa do Cerro,
trago aqui água de Olinda,
água da bica do Rosário.
(...)
--Minha pobreza tal é
que grande coisa não trago:
trago este canário da terra
que canta sorrindo e de estalo.
--Minha pobreza tal é
que minha oferta não é rica:
trago daquela bolacha d'água
que só em Paudalho se fabrica.
--Minha pobreza tal é
que melhor presente não tem:
dou este boneco de barro
de Severino de Tracunhaém.
--Minha pobreza tal é
que pouco tenho o que dar:
dou da pitu que o pintor Monteiro
fabricava em Gravatá.
--Trago abacaxi de Goiana
e de todo o Estado rolete de cana.
--Eis ostras chegadas agora,
apanhadas no cais da Aurora.
--Eis tamarindos da Jaqueira
e jaca da Tamarineira.
--Mangabas do Cajueiro
e cajus da Mangabeira.
Darandina revisteletrônica é uma publicação dos alunos do Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários, da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG.
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segunda-feira, 30 de junho de 2008
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